As últimas análises de dados sobre a evasão universitária no país têm sido bastante alarmantes. De acordo com a pesquisa realizada, este ano, pela Semesp, a taxa de evasão das universidades privadas no país chegou a atingir 36%, o que totaliza mais de 3,42 milhões de estudantes do ensino superior particular desistindo das universidades, por isso que tentar entender como reter alunos tem sido tão importante.
Esse número só não é maior do que os números de 2020, primeiro ano da pandemia da Covid-19, em que a porcentagem chegou a 37,2%, sendo 3,78 milhões de alunos fora da sala de aula.
Outro dado muito importante é a taxa de evasão; logo no período em que mais dependemos das aulas EaD, ela foi mais alta até que o próprio ano de 2020, chegando a 43,3%.
Com um volume tão grande no número de desistências no decorrer dos anos, por conta do novo cenário da educação, as faculdades precisam “mexer os pauzinhos" e começar a trabalhar na retenção dos alunos que já estão na faculdade.
Por que investir na retenção de alunos?
Sabemos que tentar conter as taxas de evasão escolar é um movimento muito importante para as universidades, pois, quando está muito elevada, não há equilíbrio entre os custos de captação de leads e o número de alunos dentro da sala de aula.
Já quando o lead se torna um aluno e decide permanecer na faculdade, o movimento é outro: com o tempo, ele paga todo seu custo de captação de alunos e passa a dar lucro.
Por isso é tão importante que as IES entendam o que é data science, pois, por meio do registro e estudo de dados, é mais fácil prever a trajetória desse aluno, podendo evitar a sua evasão.
Mas engana-se quem acha que a missão de reter beneficia somente a universidade. Um aluno que desiste de evadir tem um motivo, algo que o ligue à IES, e isso é um ótimo sinal, pois mostra que ela está no caminho certo.
Mas o caminho para promover a retenção desses alunos não é o mesmo de 10 anos atrás ou, até mesmo, 2; em pouco tempo, o ensino superior precisou se adaptar e evoluir.
Mudanças na educação com o tempo
De acordo com a pesquisa realizada por nós, da Mkt4edu, foi percebido, com a situação atual da educação no Brasil, que a trajetória para a matrícula mudou, os critérios que hoje são decisivos para um aluno decidir fechar com a universidade não são os mesmos de antigamente.
Em 2 anos ou menos, a educação sofreu uma revolução, tivemos que reaprender como captar alunos para as escolas e para as faculdades, que precisaram se reinventar, bem como repensar a modalidade de ensino e a forma como ministrar as aulas.
Mas mesmo com todas essas mudanças, o aluno ainda pretende voltar à sala de aula. A intenção de matrícula, de acordo com nossa pesquisa, chegou a atingir 63,4%, o que é um amplo universo disponível a ser trabalhado, mesmo com impeditivos, como: a alta taxa de perda de emprego no período, a diminuição do rendimento e a incerteza do futuro (uma vez que 90% dos alunos estão com algum tipo de restrição financeira).
Com essas mudanças tão significativas e taxas de evasão tão acentuadas, quais aspectos devemos trabalhar para melhorar o número de matrículas neste período?
Quais são os grandes desafios da educação no Brasil e como vencê-los?
Oferecer cursos de qualidade
Quando um aluno cogita entrar em uma instituição de ensino superior e realizar sua matrícula, um dos principais motivos de decisão é como o curso que ele pretende cursar performa na universidade.
Uma das primeiras ações realizadas pelo futuro estudante é consultar a nota do curso no MEC, pois isso influencia e muito na hora de decidir fechar com a universidade, uma vez que é um bom indicativo geral.
Alguns aspectos mais específicos que podem ajudar a configurar um bom curso são:
- Grade curricular atualizada para o momento;
- Corpo docente com sucesso e autoridade no mercado;
- Qualidade dos laboratórios (dispositivos com tecnologia de ponta e infraestrutura);
- Desempenho científico.
Mercado de trabalho promissor
Saber como anda o mercado e como o curso que pretende ofertar pode fazer a diferença no país são pontos importantes, mas não é só isso. Também é fundamental saber se ele dará algum retorno ao aluno, uma vez que ele não vai optar por uma graduação que não apresente uma boa valorização no mercado de trabalho.
Capacitação do corpo docente
Como falamos anteriormente, o cenário da educação no Brasil sofreu grandes mudanças nos últimos anos, a faculdade não somente precisou reinventar novos métodos para manter uma educação de qualidade como também precisou digitalizar o velho.
E com essas novas demandas (na maioria das vezes, de suporte tecnológico), o corpo de professores precisa se atualizar e se capacitar, bem como é preciso investir em professores com cases de sucesso no mercado, autoridade no assunto e experiência exemplar, uma vez que os alunos também se espelham em seus mestres. E quando tem um dentro da sala de aula, que traz conteúdo que realmente agrega e possui sua trajetória como exemplo, o aluno, com certeza, sente-se mais motivado a investir na carreira.
Trazer alternativas para o momento
Com certeza, ninguém pensava em viver uma pandemia, mas, infelizmente, aconteceu, e quando aconteceu, a faculdade precisou trazer novos métodos e alternativas de ensino para não sofrer com grandes taxas de evasão.
Com o passar do tempo, vemos que é cada vez mais possível acontecer casualidades dentro da realidade em que vivemos, e a faculdade, como educadora e formadora de profissionais, precisa estar sempre atenta a esses acontecimentos e saber se adaptar a eles, como aconteceu na migração do ensino presencial para o ensino síncrono on-line.
Veja também:
- Variáveis que impactam o número de evasão e abandono escolar;
- Retenção de alunos: o que fazer para controlar a evasão?;
- Captação: saiba o que influencia no comportamento do aluno.
Investir na integração aluno x universidade
A faculdade tem o papel de não só formar, mas também de se integrar aos seus alunos e manter uma relação amigável e de cooperação. O aluno quer sentir que a faculdade realmente se importa com a sua educação; ele quer se sentir próximo à instituição, sentir que ele faz a diferença, e isso pode evitar que haja evasão escolar e o desinteresse do aluno.
Por isso, é importante manter uma relação mais próxima, não só ao aluno mas também a toda a comunidade que o rodeia.
Como fazer isso?
- Manter uma comunicação mais personalizada e individualizada, afinal, cada caso é um caso.
- Inserir-se dentro de movimentos sociais que sejam pertinentes à comunidade.
- Trabalhar na inclusão social de minorias.
- Não perder a personalidade, mesmo que não estejam dentro da sala de aula.
- Utilizar Inteligência Artificial para a educação.
IA como ferramenta preditiva de evasão
Inteligências artificiais podem, também, agir como instrumento de integração da faculdade para cessar a evasão de alunos, e isso funciona de maneira mais simples do que o seu nome demonstra ser.
As IAs podem utilizar suas habilidades de Machine Learning para aprender por meio de dados da jornada do aluno universitário e de algoritmos, a fim de identificar passos futuros, intervindo exatamente onde o aluno possa estar mais vulnerável.
É uma ótima ferramenta para promover oportunidades tanto para os docentes, quanto para a universidade, pois sua capacidade de aprender e se adaptar pode, também, oferecer experiências singulares, evitando que o aluno evada.
A aula a distância é realmente a distância?
As IES ainda estão aprendendo a se adaptar ao meio on-line para ministrar aula e manter um calendário acadêmico mais coerente. Mas não é por que não estão dentro da mesma sala de aula que existe um distanciamento.
Mesmo que pela tela de um computador ou notebook, todos estão ali, compartilhando a mesma experiência, e não é por que se comunicam por meio de uma câmera, que a comunicação não está sendo olho no olho, e isso serve, também, para entender melhor como captar alunos para o EaD.
Fique de olho no valor que você oferta na mensalidade
Como foi mostrado em nossa pesquisa, o valor da mensalidade está no top 3 motivos que podem influenciar o aluno a desistir de realizar sua matrícula ou, simplesmente, trancar o curso.
Por isso, estar de olho nos concorrentes e oferecer preços competitivos, que sejam coerentes com toda a estrutura de ensino da faculdade, podem ser mais um diferencial para a escolha do aluno
Mas tenha cuidado com os descontos!
A concessão de descontos pode parecer uma ótima alternativa no início, para que a faculdade possa ofertar preços mais competitivos, mas é preciso ter muita cautela.
Muitas vezes, o desconto pode apenas postergar o problema atual, fazendo com que ele se torne ainda maior lá na frente. Em alguns casos, é mais proveitoso que a faculdade adie os pagamentos, mas que não abra mão do valor completo a ser recebido.
Mas se decidir dar desconto, tenha cuidado para não ultrapassar o limite de diferença entre um aluno e outro.
Quer entender um pouco mais sobre retenção de alunos? Temos este e-book incrível para complementar a sua leitura!